Acredito que o técnico da seleção brasileira, Dunga, deve tomar conhecimento do conceito de Media Training, que é o treinamento voltado para os diretores, porta-vozes e principais representantes de empresas e instituições diversas com o objetivo de prepará-los para o relacionamento adequado com a imprensa. E se o Dunga não sabe, ele é um porta-voz da seleção brasileira. Então acho que chegou o momento da CBF oferecer este treinamento àqueles que comandam a seleção.
No último domingo, 20 de junho de 2010, nenhum jornalista que se encontrava naquela sala da entrevista coletiva após o jogo Brasil X Costa do Marfim, estava de brincadeira, todos trabalhavam. Até Vesgo, Alfinete e Impostor [da RedeTv!] estão na África à trabalho. Quando o técnico Dunga resolve questionar se há algum problema com o jornalista da Rede Globo, Alex Escobar, porque este balança a cabeça. Até aí poderia ser somente uma questão de curiosidade. Vai que ele é curioso, né?! Eu pelo menos sou bastante! Porém, quando ele começa a chamar o cara de cag..., puto cag..., aí é demais pra minha cabeça!!!
Naquele momento fica clara a falta de educação do Sr. Dunga, a sua falta de profissionalismo por não respeitar outro profissional, sua ignorância em não conhecer a função da imprensa e, talvez o mais grave, o seu desrespeito à nação brasileira, afinal naquele exato momento ele não estava ofendendo apenas o Alex Escobar, e sim cada brasileiro que é apaixonado ou não por futebol, que discute toda hora ou não sobre o esporte, que tem dúvidas ou não sobre o desempenho da seleção nesta Copa e de um modo geral.
Comunicação é informação, são processos de trocas entre vários interlocutores. Jornalista não é defensor dos pobres e oprimidos, nem dono da verdade, mas é o profissional que tem na INFORMAÇÃO sua matéria-prima de trabalho. E quem melhor para falar das estratégias aplicadas ao time, do que o seu técnico?!
Jornalista e os profissionais de comunicação, de um modo geral, são uma espécie de olhos, bocas e ouvidos da sociedade distribuídos por todos os locais imagináveis e inimagináveis. Eles investigam, entrevistam, correm, buscam, perguntam, indagam, lançam questões, falam e também ouvem... tudo isso para colher o maior número de informações possíveis e levar para a televisão, o rádio, o blog, a revista, o jornal, as notícias e os fatos que os cidadãos querem, merecem ou precisam saber.
A seleção é um patrimônio cultural do brasileiro. A seleção não é uma propriedade particular do Dunga. No país que respiração e transpira futebol, quase todos querem saber como vai o desempenho da seleção, quem serão os escalados, quem já se recuperou das lesões e por aí vai. Mesmo que o Dunga goste de trabalhar no calado, sem divulgar nada talvez tenhamos que respeitar o modo de trabalho dele. Porém ele tem obrigação de prestar o mínimo de esclarecimento possível aos torcedores brasileiros e, geralmente isso ocorre via imprensa.
No entanto, as palavras do Dunga não são uma verdade absoluta, como a de nenhum de nós. Todos têm o direito de discordar de um pensamento, de uma diretriz, de uma ideia. Mesmo que durante a coletiva, o jornalista Alex Escobar tivesse discordado de alguma colocação do Dunga, este não teria o direito de atacar o jornalista com aquelas expressões chulas, ridículas e descabidas. Se o Dunga não agüenta a pressão que o seu cargo frequentemente sofre, ele que procure um tratamento psiquiátrico. Agora não vem descontar em cima da imprensa suas frustrações e revoltas.
Pense comigo Dunga, quem seria você sem a nossa participação na sua vida de atleta?! Prefiro não comentar!
Enfim, mas a falta de compreensão de quem ou qual instituição se representa realmente vai além do Dunga. Na edição da segunda-feira, 14, do programa da Band, CQC, mostrou os deputados federais, José Tático e Nelson Trad, agredindo verbal e fisicamente a repórter Monica Iozzi. Motivo?! Eles e outros deputados assinaram um documento à favor de uma Medida Provisória que incluiria um litro de cachaça na cesta básica brasileira. Quando questionados sobre os seus respectivos votos eles ficaram “nervosões” e partiram para as agressões. Uma pergunta: foi a Mônica que assinou o documento? E se um cidadão comum os questionassem também seria agredido?
Haja Media Training!!!
Talita Leite Dias